segunda-feira, 30 de abril de 2012

Não às Maquinas!



“Homens é que sois e não máquinas”
(Charles Chaplim)
Não pense mal!
Não sou defensor de um mundo só com a força motriz dos braços humanos. Aprecio as maquinas e o quanto elas podem ser usadas para o benefício da raça humana. Agora mesmo estou usando uma extraordinária máquina criada pelo homem para escrever este pequeno texto.
Que bom!
Não é disso que estou falando.
Estou falando do mundo do trabalho como perspectiva de transformar o trabalhador – homem em um mecanismo de mera produção, dentro de um sistema cruel, infame e esmagador que corroí, manipula e maquiniza o homem.
Gosto de trabalhar e trabalho bastante, mas não deixo de perceber a cultura neo-liberal que trouxe como virtude maior do mercado a concorrência irracional e aniquilante do outro. Adicionando a isto um consumismo sem paralelo que chega a criar mundos em nosso pequeno mundo.
O mundo dourado dos que podem consumir.
O mundo dos que consomem o que pode.
O mundo dos que não consomem.
E assim, trabalhamos para comprar o que não precisamos.
Trabalhos em empresas que não nos dão sentido.
Trabalhamos por comida, bebida...
Basta ver aqueles que se aposentaram por tempo de trabalho para perceber o quanto o sistema “máquina” humana os destruiu.
Mas,
“A vida não é só comida / a vida não é só bebida / você tem fome de quê / você tem sede de quê” (parafraseando: Comida dos Titãs)
“Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Citando Saulo de Tarso – Romanos 14.17).
Não somos máquinas, somos homens dotados de espiritualidade que precisamos exercer no trabalho, para que possamos salvar o mercado de trabalho das potestades que dominou-o, transformando-o num moedor de gente e destruidor até da alma como instrumentalidade da razão de existir, emocionar e entusiasmar.
Possamos como cristãos, neste Dia do Trabalho, saber que devemos viver transformando-o em campo para manifestação do Cristo em nós, quebrando os paradigmas e os poderes degradantes que tentam fazer dele uma lástima diária e possamos com a ajuda do Senhor desenvolver o nosso trabalho como fomentador da dignidade humana.
N’Ele, que nos faz humanos e filhos de Deus.

O Trabalho e a Espiritualidade




Muitas pessoas encaram o trabalho como uma punição ou um tremendo castigo e transformam o seu dia e o seu ambiente de trabalho em algo insuportável e triste.
Entre os cristãos é comum encontramos um estranho dualismo existencial, a vida na Igreja (especialmente nos domingos) e a vida no trabalho (que chamamos secular). E assim, vivem uma esdrúxula dicotomia anti-bíblica, na Igreja (que se compreende como uma instituição denominacional, com placa de identificação e CNPJ), e uma vida fora desses portões, onde a prática é bem diferente da teoria.
Ora, em primeiro lugar precisamos compreender o trabalho como uma bênção de Deus para a nossa vida e não como castigo e conseqüência da queda do homem no Gênesis. O pecado trouxe, sim, uma maior dificuldade quanto a esse aspecto da existência humana, mas não podemos afirmar que o trabalho foi uma imposição de Deus pela culpa do homem (Adão), pois quando O Criador lhe pôs no Jardim do Éden também o cercou de funções e tarefas condizentes com a sua natureza e suas capacidades, constituindo não algo massacrante, mas como parte inerente do existir humano.
No Novo Testamento, onde o contexto do trabalho muitas vezes está em conexão com as terríveis condições de servidão, encontraremos princípios e razões para desempenharmos nossas tarefas e ocupações com motivação e entusiasmo, que são agentes transformadores de hábitos, lugares e pessoas. Cito alguns desses princípios e razões com o desejo de ajudar a alguém a enfrentar o dia a dia com a alma leve e o coração tranqüilo:
Trabalhe não como servindo a homens, mas a Deus – pois agindo assim semearás boas sementes da confiança e fidelidade, porque serás um profissional competente na presença e na ausência do teu superior e isso agrada a Deus;
Trabalhe com honestidade – não significa fazer somente o que é lícito, pois há muita coisa que é lícita, mas não é conveniente ao Cristão. Seja honesto, com os clientes, patrões, colegas, etc;
Trabalhe motivado – não espere que circunstâncias lhe dêem motivos para trabalhar bem, viva acima das circunstâncias e promova o bem no seu ambiente de trabalho, pois Deus sabe do que você necessita, faça a parte que lhe cabe, cada dia, pois cada momento é único;
Trabalhe entusiasmado – ser entusiasmado é ter Deus dentro de você, e quem tem esse viver sabe que a vida é uma dádiva, que o trabalho é uma bênção e que ganhar o pão com o suor do rosto é honra para o homem. Lembre-se que há muitos desempregados que desejam um trabalho, e os preguiçosos são condenados na Bíblia.

Não quero dizer com este artigo que você se torne um alienado em seu emprego, um conformado com sua situação às vezes tremendamente difícil. Não! Lute com dignidade por seus direitos sem esquecer nenhum minuto sequer dos seus deveres. Tenha foco, metas, propósitos, sonhos, porém, com os pés no chão do aqui e agora, lugar temporal onde o futuro é construído. Procure ser profissional, qualquer que seja a sua área, procure sempre, sempre, sempre, fazer o melhor possível em suas tarefas, porque as oportunidades virão e a chuva só faz brotar na terra que foi preparada e semeada.
Em segundo lugar é necessário esclarecer que não existe dualismo na Bíblia quanto ao viver dos cristãos. A vida cristã é integral. Você não se torna um filho de Deus só porque nasceu numa tradição religiosa, ou porque seu nome consta no rol de alguma igreja institucionalizada, ou porque é dizimista e vai a algum culto nos domingos, enquanto no seu trabalho o “bicho pega”, a graça é esquecida para viver uma desgraça cristã.
Ninguém pode servir a dois senhores, ter dois modos de vida, ou barganhar com Deus. A vida cristã e de corpo e alma inteiros, o cristão que eu sou na Igreja deve transbordar além das portas do templo-edifício de reunião, romper fronteiras e fazer o Cristo que afirmo viver em mim, ser reconhecido nas minhas palavras, nos meus gestos, nas minhas intenções e nas minhas ações; principalmente em minha casa e em meu trabalho onde demonstro ser quem de fato sou.
É no trabalho que ganho o pão de cada dia, que amizades são construídas, que o caráter também é formado e que o profissional é construído.
Por isso:
Não maldiga, mas abençoe!
Não murmure, mas ore!
Não se escore, mas se esforce!
Não desista, mas persista!
Não desanime, mas tenha fé!

N’Ele, cujo o Pai trabalha e Ele também, incansavelmente.
               
               

Pensando o NT: No Senhor o Vosso Trabalho Não é Vão




(1ª Co 15.58)
Não existe situação mais desanimadora do que a de perceber que o nosso trabalho é vão. Um fato como este desaquece o coração e minam as forças, até mesmo dos mais fortes guerreiros. Ninguém gosta de ver seu esforço e suas lutas não surtirem resultados satisfatórios, muitos, com isso, entram em grande depressão. Vemos alguns casos na Bíblia de personagens que chegaram a pensar que seus ministérios caminhavam para esse fim:
Elias na caverna (1ª Rs 19.9-18);
Isaias ante a incredulidade do povo (Is 53.1);
Jeremias ao contemplar Jerusalém destruída (Lm 3.19-23);
Jonas ao ver a preservação de Nínive (Jn 4.1-5);
Paulo diante dos Gálatas e os judaizantes (Gl 4.11).
No entanto, há uma promessa do Senhor que nos liberta desse pensamento medíocre e nos insta a nunca desanimar, é a promessa de que no Senhor o nosso trabalho nunca será em vão.
Paulo faz uma grande apologia à ressurreição de Cristo é com ela, a nossa própria ressurreição. Isto se dá por causa de falsos ensinos que adentraram em Coríntios e, ensinavam que a ressurreição não havia acontecido. Ele enfaticamente afirma a primazia de tal doutrina e sua extensão na vida cristã, de tal forma que sendo uma inverdade (a ressurreição), os cristãos seriam os mais infelizes dos homens. Contra os falsos ensinos, Paulo nos estimula a:
1. Sermos firmes e inabaláveis – Não estarmos vacilantes nos fundamentos de nossa fé, mas construirmos uma vida, um pensamento, uma sabedoria alicerçada na Rocha (Jesus) e não nos abalarmos com os modernos fariseus, nem as seitas e heresias, sejam antigas ou modernas;
2. Sempre abundantes – Nossa firmeza doutrinária não é subjetiva, ao contrário, é objetiva; nossa maneira inabalável, não é inerte, ao contrário, é dinâmica e produtiva. Devemos estar sempre frutificando na Obra do senhor, principalmente, no fazer discípulos;
3. Sempre no Senhor – Não trabalhamos para uma denominação, para uma religião, para uma liderança local, ou por causa de uma idéia obstinada, não! Isto, sim, faria vão o nosso esforço. Mas, trabalhamos para o Senhor, que é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6), e é poderoso para guardar o nosso depósito até aquele Dia (1ª Tm 1.12).
Sendo assim, possamos ser crentes íntegros, cheios de fé e proativos no Reino de Deus, pois jamais será vão o nosso trabalho. Maranata! Vem Senhor Jesus!

domingo, 29 de abril de 2012

Saudades de Chico, o Velho




“Mas há amigo mais chegado do que um irmão”
(Pv 18.24b)
Não sou chegado a saudades, sou homem do dia que vislumbra o futuro com as marcas das experiências passadas, mas não sou de saudades. Porém, sempre há aquelas lembranças que nos força a um desprendimento com o aqui e agora e nos conduz ao caminho dos sons, cheiros, sabores, tessituras, lágrimas, sorrisos e abraços que ficaram nas curvas da estrada – tempo.
São boas recordações que nos deixam nostálgicos e gratos a Deus por tê-las vividas e, como o Evangelho não são coisas, é um suceder de encontros que se irmana na alma e nem distância ou tempo as desfazem, porque mesmo haverá um reencontrar eterno na glória onde seremos um só abraço e nenhuma lágrima.
Tenho saudades de alguns amigos que em Cristo Deus fez irmão.
Um deles é Chico, o velho.
Quando o conheci era do alto dos seus 81 anos um menino no Evangelho. Resgatado entre os romeiros que tradicionalmente seguiam a peregrinação anual ao Juazeiro do Norte – CE; Deus havia lhe preservado a vida depois de sérios tormentos em sua saúde. Foi convertido pelo Senhor tornando-se um exemplo de paz, fidelidade e compromisso a Igreja de Cristo.
Tive o imenso privilégio de pastoreá-lo por uns poucos anos tendo me valido como uma grande experiência em minha caminhada. Seus passos tímidos não o impediam de estar em todos os Cultos e campanhas que realizávamos. Sua fala cansada e sua dificuldade com a leitura - pois era semi-analfabeto – não o impediam de arriscar nas leituras bíblicas durante os Estudos Doutrinários.
Meu sábio amigo Chico se esforçava (franzindo a testa tantas vezes) para entender os nomes difíceis que na minha ânsia de seminarista trazia para a pequena congregação: Westminster, Catecismos Maior e Menor, Sistemática, Escatologia e, no entanto, dava-me aulas de como a vida funcionava e que tudo em Cristo é maior e melhor que qualquer vaidade própria, e que conhecimento sem o aconchego da amizade, sem o aperto do perdão, sem a solidez do amor é tão inútil quanto um sino que desesperadamente retine incomodando nossos tímpanos.
Lembro de algumas tardes de sol e vento, aproveitando a brisa e a companhia de um e outro, ele me explicava os segredos das plantas e do cuidar do gado, além de contar-me histórias lendárias de antigos missionários americanos que haviam passado naquelas terras nos idos da década de 50. Recordo com carinho a surpresa que me fez quando, certa vez, comentei sobre o poeta Vinicius de Morais e a delícia de ser ter uma jabuticabeira no quintal (nessa época morava numa casa com um enorme quintal, e não no apê de agora), foi quando no dia seguinte, de botas rangedeiras, ainda sujo de terra, mas com os olhos vívidos e alegres trazia na mão uma muda de jabuticabeira para o meu quintal.
Eu a plantei com todo cuidado e lhe dei tudo que era preciso, mas ela permaneceu incólume por muito tempo.
Meu velho amigo Chico, firme no que recebeu do Senhor, era uma quebra no paradigma do Reformado intelectual, pois mesmo sem o destacado conhecimento atribuído aos reformados, desnorteava os ataques neo-pentencostais que lhe advinham com um olhar austero e fixo,  e diante das bizarrices e espetáculos circenses que vez por outra aparecia se saia com a sentença de uma desconcertante frase:
“Tá estranho! É coisa estranha! irmão”
O mundo da voltas e o caminho de nossas vidas é feito de sinuosas curvas e não de vertiginosas retas. Hoje estou em outros campos e quase não o vejo, mas sei que permanece em nós o que de melhor aprendemos com o Senhor e nossas mútuas lições.
Sei, também que tua sentença de fina ironia e perfeita perspicácia é a melhor definição para os tempos evangélicos que vivemos:
Tá estranho! É coisa estranha! Irmãos.

N’Ele, que constrói verdadeiras amizades. 

A Confraria de Betesda


 
João 5.1-13
(Betesda significa “casa de misericórdia” e era um compartimento em Jerusalém, nos tempos de Cristo, onde havia cinco tanques, e havia uma crença popular ensinava que um anjo, de tempos em tempos agitava as águas e todos que entrassem naquele momento ficariam curados. Jesus cura um homem paralítico por 38 anos rompendo com aquela crendice popular)   

A cena era chocante!
Coxos, cegos, paralíticos e toda a sorte enfermidades e deformidades humanas, além da extremada solidão, do abandono e desprezo. Betesda hospedava a confraria dos infelizes, unidos pelo dor de suas trágicas experiências vivencias.
A religiosidade era frustrante!
Toda aquela multidão reunida pela angustiante expectativa sobrenatural, depositava a sua esperança numa manifestação mitológica, uma superstição religiosa que contrariava os princípios de fé que os profetas haviam construídos naquele país. Uma crendice popular servindo apenas para alimentar ilusões e produzir desilusões.
A solidão era paralisante!
No meio daquela balburdia dissonante jazia um desamparado, amargurado e desesperado homem, paralisado pela misteriosa enfermidade e pela desumanizada solidão. Sem nome, sem posses, sem ninguém, rastejava sua existência imperceptível em meio aquele aglomerado de gemidos, murmurações e lamentos. Trinta e oito anos de sofrimento e dor que o deixaram totalmente dependente da misericórdia alheia, que não acontecia nem lhe chegava.
A revelação era surpreendente!
Mas, ele não passou despercebido pelo Mestre. Ninguém vive despercebido pelos olhos de Deus. Ele está presente em todo lugar e em todo momento, no entanto, estamos tão centrados na realidade focal de nossa vida que não percebemos a sua presença não é sentida, até que Cristo, num ato de misericórdia e amor divino revela-se para transformar a nossa existência. E ali, em Betesda, Ele revela-se para transformar a existência daquele homem.
O encontro foi transformador!
A vida cristã é feita de encontros.
Encontros que nos liberta das crendices e superstições escravizantes. Liberta-nos de uma vida sem sentido e sem esperança. Em Cristo, temos um encontro com o nosso verdadeiro ser. N’Ele há os imperativos que nos faz transpor todos os limites de Betesda:
- Queres ser curado?
- Senhor, não tenho...
- Levanta...e anda.
A graça de Deus não está limitada a um lugar (Betesda), uma tradição, uma religião, uma crença, uma enfermidade, ela rompe as fronteira ou barreiras existenciais, mas explodem em fé, amor e esperança, transformando vidas, libertando os homens.

N’Ele, que transforma e liberta os homens.   

Pare e Pense o NT: O Caminho Sobremodo Excelente




(1ª Co 13)
Num mundo obstinado pela busca dos dons carismáticos, onde língua estranha transformou-se em máxima evidência da presença do Senhor e, profecias passaram a ser uma mania irresponsável de pregadores da hora e cantores desavisados, onde os ministérios televisivos e grandes Igrejas disputam fiéis como empresas buscam consumidores, Paulo divinamente inspirado pelo Espírito Santo nos trás a revelação madura de uma condição superior a qualquer dom.
Tendo em vista certa confusão na Igreja dos coríntios por conta das divisões, da dificuldade de compreenderem a diversidade e unidade da Igreja e, ainda, a fixação em busca de dons que evidenciasse uma maior espiritualidade, o apóstolo versa sobre o amor discorrendo:
a.     Sua natureza – O amor é paciente, benigno, altruísta, verdadeiro, cheio de esperança, duradouro. Não é invejoso, ou orgulhoso; não é egoísta ou rude, nem aceita provocação (1ª Co 13.4-7);
b.     Sua falta – Torna as línguas como um barulho apenas. As profecias, os mistérios, a ciência e até mesmo a fé, sem o amor, nada valem, assim, como as boas são inúteis (1ª Co 13.1-3);
c.      Sua importância – Ele é maior do que as profecias, porque estas desaparecerão; é maior que as línguas, porque estas cessarão; é maior que a ciência por estas desaparecerá (1ª Co 13.8).
Podemos intercambiar o ensino de Paulo com a concordância que encontramos na Palavra sobre o amor, e dessa forma aprender que:
1.       Ele amor é o tema central da Bíblia, pois é personificado em Deus (1ª Jo 5.8);
2.      Ele é demonstrado no comissionamento de Jesus Cristo (Jo 3.16);
3.      Ele é provado por Deus no sacrifício de Cristo (Rm 5.8);
4.      Ele é posto como condição fundamental para o cumprimento da Lei (Mt 22.37-40);
5.      Ele é o elemento unificador da unidade da Igreja (Jo 15.12-13);
6.      Ele é a mensagem transmitida ao mundo (Jo 13.35).
Portanto, procuremos exercê-lo em toda a nossa vida como um dom característico de quem é, ou está amadurecendo na fé do Caminho de Cristo, sabendo que não é uma proposta utópica, subjetiva, mas é uma realidade da qual devemos tomar posse, pois ele é derramado por Deus em nosso coração pelo Espírito (Rm 5.5), porque ele não um mero sentimento, mas um mandamento eterno e deve ter uma prática real (Rm 12.9-10; 1ª Pedro 1.22; 1ª Jo 4.20-21).
Agora, permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor. Sendo o maior deles, o amor.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pensando o NT: A Santa Ceia e Suas Referências




(1ª Co 11.23-32)
A Santa Ceia não é um mero ritual litúrgico na Igreja de Cristo. Observamos que em nosso tempo, somos inclinados a depreciar verdades imutáveis e princípios eternos, o que causa lamento e profundo pesar na vida que quem não se rende ao Senhor. Precisamos firmar toda a nossa convicção na fundamental importância da Santa Ceia como um Meio de Graça, no qual Deus, em Cristo e pelo Espírito comunica sua união com o adorador.
Preparando-se para escrever a cerca dos dons espirituais, Paulo faz algumas advertências sobre o Culto da Santa Ceia e sua importância na vida da Igreja, reafirmando seu caráter transcendental e a maneira como deveríamos realizá-lo, tendo-o na mais alta honra em nossas liturgias, pois como um memorial eterno do sacrifício de Cristo, trás em si três referências:
1. Ela faz referência ao Passado - Ou seja, a morte de Cristo na cruz do calvário para nos substituir, fazendo a propiciação em nosso lugar e realizando o resgate de nossa vida (redenção). O seu corpo é simbolicamente representado pelo pão; do mesmo modo o seu sangue é representado pelo vinho, sua presença nos elementos é espiritual. Jesus é o pão vivo que desceu do céu, sendo o seu sangue a Nova e Eterna Aliança. E quem não usufrui do corpo e do sangue do Senhor não tem parte com Ele.
2. Ela faz referência ao presente - A comunidade cristã pertencente à Nova Aliança une-se em Cristo e uns aos outros. Somos exortados ao auto-exame e, assim, corrigirmos atitudes ou erros que eventualmente cometemos em nossa caminhada, tendo o pedir perdão e o perdoar como condição indispensável para podermos compartilhar deste Meio de Graça. A comunidade deve estar unida em amor desfazendo-se de todas as desavenças e indiferenças, nesta celebração que tem como pano de fundo a história do perdão de Deus através de Cristo.
3. Ela faz referência ao futuro - “Até que Ele venha” (1ª Co 11.26). Anunciamos a volta do Senhor, não como mais um conhecimento empírico desenvolvido com nossa história, ou doutrina, mas como a mais profunda e viva esperança da experiência comunitária. Ele morreu por nós, ressuscitou conforme as Escrituras; foi assunto aos céus e está assentado a direita de Deus Pai; recebeu toda autoridade (Mt 28.18) e, virá com poder e glória para julgar os vivos e os mortos (Lc 21.27; Ap 1.7). Esta realidade deve animar e constantemente avivar a Igreja.
Portanto, enquanto não ocorrer a Parousia (segunda vinda de Cristo), esta história precisa ser contada, esta comunidade precisa alimentar-se d’Ele, e esta esperança precisa ser vivida e anunciada.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pensando o NT: Liberdade e Bom Senso



(1ª Co 8.1-13)
Somos livres! Está é uma das mais poderosas verdades do Novo Testamento. Com Cristo Jesus temos a plena consciência de que fomos libertos do julgo da Lei (Rm 10.4), da escravidão do pecado (Rm 6.14), das garras da morte (Jo 11.25-26); libertos até, dos sistemas religiosos esmagadores e torturantes (Mt 11.28-30). Porém, há uma constante exortação bíblica a cerca do incorreto uso da liberdade, que pode, assim, servir de escândalo aos que ainda bebem o leite espiritual. Uma disciplina para evitarmos o mau da liberdade e não ser motivo de tropeços é o bom senso cristão.
Paulo trata de um problema comum, mas que estava causando estragos na comunhão da igreja, a questão dos alimentos sacrificados aos ídolos, que para alguns mais experimentados consumiam sem constrangimento, enquanto para outros, isso era um comportamento reprovável e escandaloso.  O apóstolo exalta a liberdade em Cristo, porém, chama a atenção para usufruir dela de forma que Deus seja glorificado. Ele, então, apela para que o bom senso cristão prevaleça e podemos, assim, aprender:
1. A liberdade é limitada pelo amor - Não se trata de discutir se o ídolo é alguma coisa, sabemos que não é. Também, não o caso de um teste de conhecimentos que possamos ter para justificar certas atitudes em relação às coisas do mundo. A questão é o amor ao irmão que deve me conduzir a um policiamento de como eu interajo com o mundo e, de não tornar a minha liberdade um tropeço para os que ainda não estão aptos para tal conhecimento. Por amor ao Rei, ao Reino e aos meus conservos limito minha liberdade.
 2. Conhecimento por si só é orgulho e presunção - Temos uma geração de crentes teólogos, ou mesmo leigos, que por demonstrarem grande conhecimento em teologia e até nas línguas da Bíblia namoram perigosamente com as coisas concernentes ao mundo sem o menor constrangimento, ou pudor com o mal que pode causar aos irmãos que não dispõe deste “saber” e, quando questionados dão respostas filosóficas. Esse tipo de “conhecimento” é mero orgulho e pura presunção infrutífera ao Reino.
3. Só o amor edifica - O conhecimento e a sabedoria devem ser exercidos no permeio do amor. É através do amor que nossas vidas ganham novas significações e sentido.  O nosso chamamento é para fazer parte de um Reino conhecido pelo amor; somos então, convocados a amar. Quem ama conhece a Deus e é por Ele conhecido. Que seja essa a diretriz de nossas decisões e nossas escolhas.
Portanto, o bom senso cristão se estabelece tendo como o padrão comum o respeito ao irmão, movido pelo amor e tendo por base o temor ao Senhor, que nos tornam sensatos e edificadores nas nossas atitudes, escolhas e posições quanto ao mundo que nos rodeia e aqueles a quem devemos tornar discípulos.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pensando o NT: Exortação a Santidade





1ª Coríntios 6.11
A Igreja é formada por pessoas, que embora sejam regeneradas, ainda apresentam vestígios do velho homem, alem de pesar sobre nós nossa inclinação natural ao pecado oriunda da queda de Adão. Às vezes cobramos perfeição da Igreja e esquecemos de que fazemos parte desse Corpo e somos responsáveis pelo processo de santificação visível dela com o nosso corpo (vida). Com essa atitude extremamente egoísta e caolha é possível percebemos erros em todos os setores da Igreja, menos em nossa maneira de viver. Mesmo assim, a Igreja unida, deve preservar e se aperfeiçoar na santidade.
Paulo está surpreso com o tipo de má conduta que se encontra na Igreja dos coríntios, havia pecados que eram condenados pelo mundo, e estavam sendo tolerados numa Igreja repleta de dons. Ele exerce sua autoridade apostólica e pastoral numa duríssima exortação, da qual podemos aprender:
1. As demonstrações de dons espirituais não podem encobrir escândalos - Apesar de não haver falta de dons na Igreja, como o próprio apóstolo testifica (1ª Co 1.7), ela apresentava comportamentos deploráveis e escandalosos: divisões, dissensões, processos judiciais entre os irmãos, presunção, pecados sexuais inomináveis. Precisamos nos atentar para que as evidências carismáticas não nos impeçam de combater gravíssimos erros que surgirem nosso meio.
2. A Santidade e discernimento, condutas salutares a Igreja - Paulo chama os irmãos para comparar a vida sem Cristo e considerarem o caráter diferenciado do propósito de Deus para suas vidas. Ele relembra que foram renovados em Cristo e feitos instrumentos separados para o serviço de Deus (santificação) (1ª Co 6.8-11).  Isso requer do crente um constante auto-exame e buscar exercer o discernimento para compreender que, certos comportamentos podem até ser lícitos, mas, não é conveniente a Igreja, pois, fere a comunhão com Deus e com a família da fé. Pensemos nisso!
3. A Disciplina como instrumento purificador da Igreja - A liderança da Igreja tem uma dura tarefa, preservar a integridade e pureza do rebanho usando da disciplina eclesiástica. Difícil tarefa num tempo em que quase todos os comportamentos são permitidos, e os Conselhos desafiados em seu caráter. Não podemos tolerar as infecções pecaminosas que contagiam a Igreja; Paulo nos insta a aplicação disciplinar visando o bem do próprio disciplinado e não o seu mal.
Sendo assim, cuidemos de nossa conduta dentro e fora do ambiente que costumamos chamar “Igreja”, para que não sejamos peça de tropeço para os que não fazem pare do redil do Senhor. Busquemos crescer em santidade, pois sem ela ninguém verá a Deus (Hb 12.14).  

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pensando o NT: Loucos Por Causa de Cristo





 1ª Co 4.10
Viver o Evangelho plenamente em nossa vida será sempre uma loucura para o mundo. Esta verdade cristalina do Novo Testamente é compreendida pelos avessos e, então, observamos surgir as mais espantosas “crendices” e tomarem parte do cotidiano evangélico, alem dos esdrúxulos usos e costumes e das manias que beiram o irracional fanatismo medieval.
A loucura do Evangelho ressaltada por Paulo nessa passagem é uma fina ironia do comportamento presunçoso e arrogante dos coríntios em relação aos apóstolos. No entanto, essa afirmação nos leva a refletir sobre o quanto a mensagem do Evangelho é contrária ao mundo, ou, ainda, em que somos loucos?
Por não buscar a glória do mundo, mas sim, glorifica a Deus;
A mensagem do mundo é que você ocupe o seu lugar ao sol, e para isto, os fins justificam os meios, você vale pelo que tem e, etc. Em contrapartida o Evangelho propõe reconhecermos o outro, amarmos o próximo; SER como qualidade essencial para viver; construir uma existência na ética e honestidade num mundo em que essas são apenas palavras que não mais expressam a verdade de seus significados.
Por optar viver a verdade por amor ao Senhor Jesus, somos loucos.
Por crer na simplicidade de Cristo em vez das conjecturas humanas;
A mensagem do Evangelho é simples, mas não é simplória. Através dele qualquer pessoa torna-se sábio para salvação, por que suas verdades se discernem espiritualmente e iluminam aos que carecem de alivio existencial para suas almas cansadas (Mt 11.28-30), porém, há profundidades que deixam atônitos os maiores filósofos produzidos pelo saber humano.
Por optar pelo Evangelho puro e simples de Jesus, somos loucos.
Por viver a expectativa do retorno triunfante de Cristo;
A Igreja está sempre na iminência do retorno do Rei Jesus com poder e glória. Ela compreende que somos peregrinos, que nossa existência neste mundo é breve e momentânea e, que somos chamados a um Reino que se concretiza na glória, por isso, não se coaduna com a amizade do mundo, nem constrói suas bases em sutilezas e ensinos humanos que sãos falhos e, mudam com o tempo, mas nossa fé está na Rocha, Jesus.
Portanto, somos loucos porque preferimos o viver cristão, baseados, fundamentados, alicerçados no Cristo, descrito na Bíblia. Não somos loucos por causa de roupas extravagantes, crenças estranhas, gritos e práticas absurdas, mas, somos considerados loucos por estarmos submetidos ao Rei Jesus.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pensando o NT: Unidade na Diversidade



(1ª Co 1.10-17)
O Evangelho não anula as personalidades próprias, ele não cria uma série de seres amorfos (sem forma), que não possuem a capacidade em si de perscrutar o mundo a sua volta e as circunstâncias que lhe advém. Também, não faz parte da ação de Cristo criar gerações de marionetes padronizadas que falam, gesticulam, cantam e até pregam igualmente. A formação do ser humano é fora de série, somos seres particularmente únicos e diametralmente diferentes uns dos outros. E viva a diferença!
O que Paulo expõe como algo nocivo ao Evangelho é o partidarismo idolátrico, que infelizmente tem permeado a história da Igreja e causado grandes estragos em sua estrutura, alem torna confusa a sua mensagem aos que estão de fora. Para combater esse mal, o apóstolo apela para alguns princípios norteadores daqueles que são discípulos de Cristo:    
1. A mensagem da cruz é a diretriz de nossa sabedoria (1ª Co 1.18-25) - Nunca devemos esquecer de que a cruz posta para remissão dos pecados e propiciação pelos homens a Deus, é a cruz de Cristo, e de nenhum outro. Embora para o mundo seja uma loucura ou escândalo, trata-se da sabedoria de Deus para salvar os que crêem. Com a nossa mente voltada para esse fato, precisamos combater a idolatria que criamos em torno de nossas lideranças ou denominações. Quando dizemos: “eu sou de Paulo”, “eu sou de Apolo” e “sou de Cefas”, ou seja, quando nossas divisões prevalecem sobre a mensagem do Evangelho, simplesmente anulamos a cruz de Cristo.
2. Nossa vocação e chamado é obra exclusiva de Deus, não temos méritos (1ª Co 1.26-29) - As escolhas de Deus são baseadas em SUA sabedoria; Ele não escolhe baseado em possíveis genialidades humanas, ou pela nobreza que alguém possa ter, ou, ainda, pelo poder secular que este alguém disponha no mundo. Não! Contrariando todos os sistemas meritórios suas escolhas recaem em quem o mundo, costumeiramente não dispensa valor. Os critérios de Deus residem em sua GRAÇA soberana para que nenhum de nós, ou nenhuma de nossas denominações venha a se gloriar disso.
3. A Igreja de Cristo recebe o ensino do Espírito Santo (1ª Co 2.10-16) - A Igreja de Cristo Jesus, recebe a iluminação do Espírito para que possa discernir a história, as profecias, a Palavra e as experiências que lhe sobrevêm na convicção da providência de Deus que coordena todo o universo e faz cooperação dos acontecimentos para o bem dos que o ama (Rm 8.28). A sabedoria da Igreja está no conhecimento de Deus, pois não recebemos o espírito de eterna rebeldia do mundo, mas o Espírito de Deus que redireciona ao Cristo das Escrituras.
Portanto, as diferenças são bem vindas, afinal não somos iguais, no entanto, a nossa fé, a nossa esperança, o nosso Deus em Cristo e pelo Espírito nos faz um só povo.  

sábado, 21 de abril de 2012

Pensando o NT: Oração, Uma Necessidade Cristã



Oração, uma necessidade cristã (Rm 15.30)
O fato de não sabermos orar como convém (Rm 8.26) não é justificativa pra nossa negligência a esta elementar, profunda e indispensável prática devocional. Muito pelo contrário, existem na narrativa bíblica advertências e convocações para não esmorecermos na oração, como exemplificou o próprio Jesus (Lc 18.1),  e como nos exorta Paulo (1 Ts 5.17). Há, também, o testemunho da oração matinal do salmista (Sl 5.3), e da disciplina do profeta Daniel (Dn 6.10), entre muitos outros exemplos.
O apóstolo nos revela lições importantes acerca da necessidade cristã de oração:
1. A oração nos ajuda a depender de Deus;
Os seus planos estavam traçados, mas não havia nele capacidade para garantir que qualquer um deles fosse realizado plenamente, por isso, Paulo os confia ao Senhor, sabendo que é d’Ele, o Pai, que depende tanto o querer, quanto realizar (Fp 2.13). Quando somos adoradores em espírito e em verdade, nossa oração é de dependência do Senhor;
2. A oração nos auxilia a vencer a ansiedade;
A oração é uma comunicação que precisamos manter sempre com Deus por que é através dela que nosso coração se tranqüiliza, pois devemos ter em mente que não é Deus que precisa de oração, somos nós que precisamos. É, através de sua constância que vencemos a ansiedade e a paz de Cristo é derramada em nosso coração (Fp 4.5,7);
3. A oração é um elemento para desenvolvermos uma rede de amizades verdadeiras;
Somente quem desenvolve a amizade oriunda da fraternidade cristã é capaz de batalhar na oração uns pelos outros. No capítulo 16 de Romanos temos um exemplo de como o apóstolo mantinha uma rede social e de amigos reais, feitos irmãos em Cristo, pelos quais orava e sem nenhum receio ou pudor de liderança pedia orações (Rm 16.1-16).
Sendo assim, possamos urgentemente nos assistir em constante oração e, além disso, desenvolvermos uma rede de amizade que venha contribuir para nosso crescimento, crescimento da Igreja e propagação do Reino de Deus.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pensando o NT: A Lei Se Cumpre Pelo Amor



Romanos capítulos 13 e 14

A Lei se cumpre pelo amor (Rm 13.10)
Infelizmente, uma das atividades mais desenvolvidas pelos cristãos de nosso tempo é a mania de discutirmos preciosismos doutrinários, usos e costumes e ter os “achômetros” de cada ligado, isso para detrimento da mensagem do Evangelho, que nos cobra urgência e integridade. É por causa dessas picuinhas e infantilidades que muitas igrejas experimentam uma paralisia institucional, um engessamento do crescimento comunitário, ou até mesmo, um decréscimo em suas atividades evangelísticas.
Na porção de Romanos para leitura de hoje, e tendo em nossa mente as inúteis discussões e os retornos à Antiga Aliança, tão comuns em nossa era, podemos perceber o seguinte:
1. O texto demonstra o que o Evangelho não é:
a) Rebelião sem causa contra as autoridades constituídas (Rm 13.3,4);
b) Viver em sonegação contra o magistrado civil (impostos) (Rm 13.6,7);
c) Viver em dívidas injustificadas, sufocantes e escravizantes (Rm 13.8);
d) Ser causa de divisão por questões de comidas, dias, datas ou qualquer outra coisa que nos ponha por juiz do nosso irmão (Rm 14.5,6);
e) Servir de escândalo para os fracos na fé (Rm 14.1,13).
2. O texto, também, nos convoca a prática correta do verdadeiro Evangelho:
a) Amar ao próximo objetivamente e não apenas numa demonstração verbal (Rm 14.10);
b) Ter a vida entregue ao Senhor, e até mesmo na morte glorificá-lo (Rm 14.80);
c) Desenvolver a consciência de que justiça, paz e alegria no Espírito Santo são características marcantes e reais do Evangelho (Rm 14.17);
d) Caminhar na convicção da luz do Evangelho e não afundados em dúvidas infantis (Rm 14.23);
e) Viver na esperança da volta de Cristo Jesus (Rm 13.11).
Portanto, deixemos todo o embaraço e os infrutíferos debates religiosos pra exercermos plenamente o chamado do nosso Senhor Jesus Cristo, para indo aos campos, ou estando em nossa terra façamos discípulos d’Ele.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Escandalosa Simplicidade de Cristo



As palavras de Jesus foram duras e poderosas; amáveis e reconfortantes. Suas palavras eram espírito e vida e, eram também cortantes ao ponto de dividir a alma e o espírito. Eram palavras escandalosas.

Os milagres de Jesus foram extraordinários, impressionantes, estarrecedores; foram atos dignos de alguém que vinha em nome e nas atitudes de Deus. Eram obras do próprio Deus. Não escolheu dia (podia ser sábado ou não). Não escolheu hora (manhã, tarde, noite, madrugada). Também não escolheu lugar (na estrada, no templo, na casa de Simão), simplesmente operava. Eram milagres escandalosos.
As escolhas de Jesus eram inusitadas, surpreendentes e muitas vezes provocativas. Ele escolhe estar com publicanos (cobradores de impostos para os romanos), com os pecadores, com a população inculta e simplória, carente de recursos e pobres de Deus. Não se deixava levar pelas aparências, e sim, atuava pela sua misericórdia e amor. Foram escolhas escandalosas.
A vida de Jesus e seu ministério terreno foi o averso de toda expectativa político-militar que se tinha do Messias. Onde os mantos reais, as vestes sacerdotais, o séqüito de serviçais, as concubinas, escravas sexuais? Onde o palácio e suas legiões impetuosas ou sua guarda pretoriana?
Onde?
Era rei, profeta e sacerdote.
Era o Salvador, Libertador, Mestre e Senhor.
Mas era um simples homem. Filho de um carpinteiro e de uma humilde Maria. Vivendo uma vida singela e simples.
Isso era um escândalo!
Um escândalo maior que as suas palavras, seus milagres e suas escolhas. Muitas vezes não estamos devidamente conscientizados da humanidade simples de Cristo e suas conseqüências doutrinárias para o cristianismo. E assim, construímos teológica e filosoficamente um Jesus inacessível em seu trono, que estaria preocupadíssimo apenas com as filigramas teológicas que sacode a sua Igreja.
Na falta dessa consciência humanitária da natureza de Cristo e a sua simplicidade teológica, inventamos um cristianismo carregado de aparatos, mas, desprovido da essência da religião cristã, que é Jesus.
E quanta invenção!
Inventamos vestes sacerdotais imitando os imperadores romanos, aparatos que Jesus jamais vestiu. Inventamos catedrais de ouro, imensos e luxuosos templos para um Jesus humilde que montado num jumentinho entrou em Jerusalém, mas que se perderia nos corredores dessas “igrejas”. Inventamos católicos, protestantes, coptas, ortodoxos e tantos outros grupos com suas guerras santas por um Jesus, que morreu na cruz para que os n’Ele cressem jamais se dividissem, porém se amassem uns aos outros acima das picuinhas religiosas e ególatras.
Pare! Pare tudo!
Quero que você pense um pouco em Jesus.
Olha, é em Jesus. De verdade.
Não o Jesus paradigmático e dogmatizado, não o Jesus neurótico e estático, não o Jesus oferecido como uma mercadoria barata, não o Jesus estatizado e negociável, não o Jesus dissecado pela teologia dita cristã, que apesar de dois mil anos é incapaz de descrever um só sorriso de Cristo.
Quero que você pense no Jesus homem. Com os pés cobertos da poeira dos caminhos da Galiléia; Jesus sentido a dor dos semelhantes e incorporando-as. Jesus cansado, dormindo no barco; preocupado com a fome da multidão e providenciando pão. Jesus ensinando a evangelizar. Chorando pelos os que amam. Sorrindo com o retorno e a euforia dos evangelhistas. Jesus homem, sendo homem, verdadeiro Deus.
Quero que você pense no Jesus Deus. Deus dos desamparados, dos desprovidos, injustiçados, dos que se acham só e não estão. Deus que se faz incompreensível para os poderosos, os intelectuais e sábios, mas que vive plenamente no coração dos que crêem na loucura do Evangelho da sua Graça.
Evangelho que se resume a uma só pessoa: Jesus!
Evangelho que se resume a uma só mensagem: o amor de Deus!
Evangelho que se resume a uma só atitude dupla do homem: arrependimento e fé!
Evangelho que não é uma expressão religiosa, e sim, vida com abundância.
Evangelho que não é uma teoria filosófica, e sim, uma prática no servir.     
Libertos dos “jesus” que foram inventados, sejamos Igreja Católica Apostólica Cristã, una e verdadeira, tendo Jesus como centro vital, o amor como mote e o servir como prática diária.
Sem aparatos, sem invenções, sem luxos, mas, simples com as pombas e sagazes como as serpentes...
N'Ele, que simplesmente é Deus.       

Pensando o NT: Deus




Deus (Rm 11.33-36)
Podemos dividir a Carta aos Romanos em duas partes, a primeira é a exposição teológica (o que fazer), e começa no capítulo primeiro e vai até o capítulo onze, verso trinta e dois. A segunda segue do capítulo doze até o final da Carta, e contem a exposição prática (como fazer) da Carta.
Paulo havia escrito sobre os principais pontos que permeia o cristianismo, escreveu sobre a queda e a universalidade do pecado, remissão, perdão, propiciação, graça, fé, etc. Agora, ele se prepara para relatar e convocar os irmãos leitores a praticidade do foi escrito. O apóstolo para um pouco como que para respirar, ou apreciar a paisagem da revelação teológica que Deus lhe concedeu, ele se surpreende com as grandezas e profundidades e louva ao Senhor com uma magnífica doxologia na qual Deus é apresentado numa forma transcendente.
Podemos então, receber este ensino de Paulo no coração e saber que Deus:
1. Criou todas as coisas sem que nada existisse e sem precisar de nada, e de ninguém - este conhecimento quebra todas as arrogâncias e prepotências humanas de acharmos que Deus precisa de algo, ou alguma coisa nossa. Às vezes pensamos que quando vamos a Igreja, quando nos envolvemos em algum trabalho na Obra do Senhor, ou mesmo, quando dizimamos estamos fazendo um favor a Deus, pois imaginamos que Ele precisa de nós. Ora quando fazemos alguma dessas coisas estamos nos ajudando, obedecê-lo é um benefício em nosso favor.
2. Ele é soberano e majestoso e não há ninguém que possa alcançar a profundidade de seus pensamentos - não subjugamos Deus a nossa vontade, ou ao nosso querer, Ele não é propriedade de religião nenhuma. Não podemos explicá-lo completamente e inteiramente, Ele é o único ser verdadeiramente livre, é o único ser que pode tomar as decisões baseado em si mesmo, é eterno, imutável e que todas as coisas dependem d’Ele.
3. A Ele deve ser dada toda honra e glória e louvor eternamente! - É absolutamente incompreensível e imperdoável que, uma vez tendo conhecimento de quem é Ele, da extensão de seu poder e de sua misericórdia e amor, e ainda assim atribua louvor e honra a um ídolo, seja em imagem, seja humano, seja simbólico, seja qualquer outro ser que não a Ele, o Senhor. Toda a glória que não seja dada a Deus é blasfêmia!
Dessa forma possamos viver e exercer a fé nesse Deus que é vivo e verdadeiro, Espírito e vida, que nem todo o universo O contém, e que, no entanto, habita no quebrantado de coração.
Durante a Reforma Protestante, uma das suas máximas era reconhecer a soberania de Deus e expressá-la em um de seus “solas”: Soli Deo Glória!