quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Bíblia e Algumas Questões




Quando fui convertido por Deus procurei, assim como todo novo convertido fazia, pelo menos daquela geração, ler e conhecer o Livro pelo qual tornava os crentes uma comunidade bastante peculiar em meio à massa da cidade, ou seja, a Bíblia.

Se bem que o meu contato com o Livro Sagrado se deu ainda infância, mesmo sem dominar a leitura, numa Bíblia luxuosamente ilustrada que era vendida em fascículos semanais, nas bancas de revistas e que meu irmão mais velho colecionava, creio que era uma publicação da lendária TIME – LIFE.
Essa Bíblia era um espetáculo!
As ilustrações, verdadeiras obras de arte, o texto era adaptado para uma leitura fluida como num romance, a qualidade excelente do papel e o colorido cauteloso nos convidava a uma viagem à terra das histórias contidas ali. Aquela publicação me fascinou e não havia dia em que não a folheasse.
Já adolescente, ganhei um Novo Testamento dos Gideões Internacionais e havia uma Bíblia de publicação católica em minha casa onde lia esporadicamente e aleatoriamente, sem muito interesse. Foi por causa dos crentes que decidi ler, e foi para combatê-los em seu campo e em seu conhecimento.
Não deu certo!
Fui ganho pela Palavra.
Não pelos crentes.
Nem precisou de evangelizadores proselitista. No meu caso bastou a Palavra, não posso doutrinar para outros, o que foi uma experiência individual, embora possa afirmar que proselitismo nada ajuda na evangelização.
Onde pretendo chegar?
Nunca me decepcionei com a Palavra de Deus, nunca deixei que novas doutrinas, ortodoxias modernas ou não, conceitos denominacionais e teólogos encantados consigo mesmo fizessem a Bíblia perder o valor vital para minha vida. Olha que as batalhas têm sido muitas, pois ela continua sendo o alvo predileto de ateus, liberais, católicos, filósofos, intelectuais e evangélicos descontextualizados e pretextualizados.
Não é novidade o eterno debate com os ateus, gnósticos e certos intelectuais em nosso dia a dia, muitos desses encontros já registrei até em tom poético. Isso por conta, em geral, do olhar humanístico que lançam sobre as Sagradas Escrituras, o que os impede de compreender a dimensão e inspiração divina nela contida.
Durante alguns anos convivi com um debate não declarado com um grupo de simpáticos espíritas nas tardes de sábado. Eles realizavam um programa de rádio e nós entrávamos logo após, com o nosso programa; então já viu. Depois o horário mudou, entrávamos primeiro, depois eles, e os debates continuaram. O que foi interessante e que houve muitas refutações e contra-argumentações de parte a parte, porém, nenhuma grosseria, e foram sete anos nessa labuta.
Hoje os evangélicos se esbaldam em ataques gratuitos e má educação, principalmente na internet onde o ódio subterfugia-se nas teclas e na virtualização de um mundo irreal, mas onde os sentimentos floreiam.
Nos últimos tempos observo o retorno do catolicismo (ICAR) no ataque a mais primária das asseverações da Reforma Protestante, o Sola Scriptura. Vejo intensas acusações e a insustentabilidade desses argumentos contrários a Palavra e em prol da tradição e dos concílios como regras de fé e prática. Ora, de fato, é preciso tentar diminuir ou mesmo anular o caráter normativo e único da Bíblia, pois ela vai de encontro as mais básicas sustentações teológica dessa instituição. Então, procura-se na tradição e na voz conciliar legitimar sua incapacidade de rendição ao Único, de conversão ao Verdadeiro, de filiação ao Pai, através do Filho, pelo Espírito.
Argumentar que a igreja escolheu a Bíblia e não esta a igreja é uma auto destruição teológica, e nem preciso perder tempo com isso, leia a Bíblia, examine a história e desmascare os ídolos.
Valer-se da tradição e do que afirmam os concílios e/ou papas é um retrocesso milenar, é uma tentativa tosca de substituir o Espírito Santo e um fragrante atentado ao Deus Vivo e Verdadeiro e ao Cristo que na cruz morreu, ressurgindo ao terceiro dia e a Direita do Pai se encontra agora.
Tudo isso para justificar a idolatria mística e hierárquica.
Mas a Bíblia sempre causou abalos onde o homem quer prevalecer. Entre os próprios reformadores houve divergências entre os livros canônicos, principalmente Ester, Tiago e Apocalipse. No entanto, a vontade imperiosa do Senhor prevaleceu.
Agora, vejo nos grupos “evangélicos” o estrago nos currais da fé que uma leitura laboriosa, cuidadosa e reverente da Palavra causa. Ela tem atrapalhado muito o trabalho dos ídolos gospel e suas visões psicotrópicas.
Quando convido alguns irmãozinhos a leitura disciplinada e sem interferências das teologias e óculos denominacionais (nem mesmo a minha), vejo o rebuliço que acontece.
É chute fora nos patriarcas de Mamon e suas indumentárias sacras.
É um passa fora! Nos apóstolos de mercado e seus palácios condenatórios.
É um arreda! Aos bispos empresários - políticos e seu império nababesco.
É um te dana! Aos pastores sectários catadores do bem alheio.
É um apartai-vos de mim! A toda falação estranha e contrária a Palavra, a toda visão carregada de engodo, a todo estrelismo espiritual, a toda hipocrisia cultual, a toda e qualquer barganha religiosa, a toda síndrome antropológica no lugar de Cristo.
Para minha tristeza percebo que muitos dos ditos evangélicos de hoje lêem a Bíblia somente nos trechos devocionais dos cultos e, tem-na usado como auto-ajuda, aliás, nunca vi tanto livro de auto-ajuda sendo lido e até ensinado pelos “cristãos”, principalmente os evangélicos quanto nesses tempos atuais.
Voltemos a Palavra, ao Evangelho que é vida, pois personifica-se em uma pessoa Jesus Cristo!
E para onde iremos nós?
Só Ele tem as palavras de vida eterna. (Jo 6.68)

Sola Scriptura.

N’Ele, que é a Palavra.

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