quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Imarcescível Chama da Verdade



Pensar amedronta!

Isso mesmo!
Um dos exercícios mais amedrontador que podemos experimentar em nossa experiência existencial, é a capacidade de pensar. Não apenas pensar um hábito quase instintivo, incapaz de romper qualquer fronteira do meu “eu”, de minha micro dimensão de existência, com todas as cargas de influencias externas e os mecanismo dos seus dogmas. Pensar como um ato libertário capaz de fazer estremecer a alma e sentir-se livre para questionar os meus mais profundos paradigmas.
Pensar causa revoluções, primeiramente uma revolução interior, um redescobrir de si, um reinterpretar, um ressurgir do que se é, do que se quer, do que se vem a ser.
Nem todos conseguem galgar degraus tão conflitantes, embora todos tenham em si a capacidade de descortinar-se e seguir novos passos em novos rumos, passos e rumos que sempre estiveram ali, mas nossos olhos embasados pelo lugar-comum não conseguiam enxergar. É que estávamos acomodados com uma verdade que nos disseram, com uma verdade que inventaram, com uma verdade que alienava. No entanto, bem que tudo isso pode ser sombras, escuras, gélidas, sufocantes. Mas a chama da verdade sempre estará no além das sombras nos convidando a descobrir o sol e suas cores, e sabores, e aromas que nas sombras eram apenas uma idéia inexata.
Em nossa história humana existiram alguns homens que foram capazes de romper com os limites estabelecidos por uma sociedade mergulhada na ignorância mitológica e suscetível a manipulações governamentais. Um desses homens foi Sócrates, que perturbava seus contemporâneos argüindo-os com perguntas aparentemente patéticas, mas que provocavam uma inquietação existencial em seus inquiridos, e isso mexeu com sua geração, e ele foi considerado um perigo, principalmente pelo modo como influenciava a juventude.
Caramba! Era demais!
Além de pensar o cara ainda fazia outros pensarem também, e isso é um perigo.
Quando Sócrates criou o mito da caverna (quem o transcreveu literariamente foi Platão), ele deu vida a uma metáfora transcendente que percorreria os séculos seguintes como um retrato da vida humana condicionada a uma verdade imposta. É, também, uma analogia quanto a nossa infância existencial, quando vivemos em nossa pequena ilha desconhecendo o continente a nossa frente.
Hoje, muitos vivem em suas próprias cavernas, muitos insistem em permanecer em suas sombras, muitos teimam em suas próprias “verdades” e chegam a achar confortáveis as correntes paradigmáticas que o prendem, por que ir de encontro a chama fora da caverna requer esforço e determinação.
Séculos depois surgiu alguém propondo um desafio: “...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa verdade não pode ser a “verdade” de cada um, porque todos nós estamos condicionados a compreensão da fenomenologia deste mundo-caverna que conhecemos. E, esse alguém veio do além-caverna, onde a chama imarcescível da verdade resplandece dando real sentido ao existir humano.
Seguindo o oposto do Mito da Caverna onde um acorrentado subiu o monte e veio anunciar, Ele era livre, entrou na caverna para libertar.
É inegável algumas similaridades entre a Boa Nova de Jesus e a filosofia de Sócrates e Platão.
Seria Cristo Pós-Socrático, Pós-Platônico?
Não tenho a ousadia de criar novos conceitos teológicos-filosóficos, sei, apenas, que em Cristo as buscas de Sócrates e Platão pela verdade se encerram.
Teriam Sócrates e Platão, dito ou predito a verdade?
Se disseram ou pré-disseram é porque a receberam de quem a tinha. Não entremos em pânico, cristãos, pois toda verdade vem de Deus e Ele a concede a quem quer.
Então, saia da caverna...

Em Cristo. A Verdade.

domingo, 3 de junho de 2012

A Extraordinária Viagem Cristã




Venha!
Segura em minha mão.
Mergulhemos na mais incrível viagem que o homem pode viver.
Às vezes será necessário estômago forte para suportar as voltas labirínticas bem próprias desse caminho.
Arme-se de firmeza para vencer a pressão atmosférica das curvas precipitadas e sinuosas.
Não leve muita bagagem e as poucas que trouxer vá deixando em cada parada.
Curta a paisagem pitoresca e não reprima os assombros acidentais.
Aprecie, degustando em cada estação seus aromas e sabores; se enriqueça com cada uma delas, por que são únicas, por mais que você queira nenhuma voltará.
Venha!
A extraordinária viagem do cristianismo não nos levará as órbitas saturnais, nem a distantes e gigantescas nebulosas. Não seguiremos aos transes alucinógenos que dizem capazes de expelir a alma para incompreensíveis aventuras. Não desbravaremos mundos invisíveis ou esplendorosas civilizações de aguçada inteligência e organizada sociedade. A viagem com Cristo nos projeta pára dois lugares impressionantes e que são fundamentais em toda a nossa existência.
A primeira estrada nos leva para dentro de nós mesmos.
Sim!
Lá onde os rancores, as amarguras, os medos e terrores petrificam-se e se tornam colunas em nossa vida, traumatizando o dia a dia e aqueles a quem amamos e que nos amam. Lá onde os amores e desamores armaram suas tendas e os desencantos fincaram suas bases sólidas, transformando a nossa vida numa frenética correria onde amar é apenas uma palavra do nosso limitado vocabulário.
A extraordinária viagem cristã é um mergulho profundo em nossa própria existência, um reencontro com as nossas mais intimas vontades e sonhos, é um recuperar das nossas mais honradas virtudes e um transformar completo de nossas ações e intenções.
A eficácia do Espírito age na desconstrução do ser secularizado que somos indo direto no âmago do que somos. O cristianismo não é moldado pelo projetar, nos outros, aquilo que queremos, mas um descobrir uterinamente quem somos e permitir que Cristo amolde-nos pelo seu amor.
Nessa viagem ocorrem frustrações e lágrimas sempre nos acompanharão, mas, o nosso Companheiro de viagem nos faz perceber a beleza da sua obra em nós.
A segunda estrada nos leva para os braços do PAI!
Não mais um mergulho intimista, porém um vôo que nos conduz aqu’Ele que é tudo em todos e que pela sua Palavra criou-se mundos e fez-se jorrar a vida. Esse é o destino final para quem teve coragem de despir-se de suas fantasias humanóides e desvira-se das paranóias religiosas para firmar-se no Filho revelador do Pai.
Venha!
Cristo te fará conhecer a ti mesmo e curar a mais profunda dor da tua existência.
Venha!
Cristo te conduzirá ao lar. Celeste lar.

N’Ele, que nos conduz ao Lar.

O Caminho Racional do Cristianismo



Introdução

O Cristianismo tem a sua centralidade e gravitacionalidade em Jesus Cristo. Ele é o tema (Jo 5.39), o propósito (Jo 20.31) e a interpretação das Escrituras (Lc 24,27).  Qualquer expressão que não tem em Jesus o seu Senhor e Mestre não representa uma expressão Cristã (Jo 14.6; At 4.12). A doutrina cristã tem que está em sintonia com o Cristo revelado no Novo Testamento (Jo 15.5), e esse entendimento nos leva a refletirmos sobre algumas verdades inegociáveis dos ensinos cristãos. Vejamos alguns conhecimentos da Verdade necessários na Caminhada da Fé.

I. Conhecimento Racional da Existência de Deus
a. Argumento Ontológico – consiste em que existe um ser perfeito de quem deriva a
existência; a idéia da existência de Deus prova a existência dEle.
b. Argumento Cosmológico – consiste em Deus ser a causa primeira de toda a existência
c. Argumento Teleológico ou do Design – a ordem existente no universo necessita de um desenhista ou projetista (Deus);
d. Argumento Moral – afirma que a idéia de moral no ser humano deriva de Deus;
e. Argumento Etnológico – ao sentimento religioso em toda espécie humana pressupõe
a existência de Deus.
II. Conhecimento Racional do Pecado e Sua Extensão
a. Pecado original – Ge 3.1-15; Rm 5.12
b. Pecado e sua conseqüência – Is 59.2; Lm 3.39; Rm 5.12-15; Rm 6.26; 1 Co 15.21-22;Ef 2.3; Ef 4.18;
c. Pecado e sua extensão (universalidade) – 1 Rs 8.46; Sl 143.2; Ec 7.20; Rm 3.10-12; Rm 3.23;

III. Conhecimento Racional da Obra de Cristo

a. Em Cristo, a vitória sobre o pecado – Is 53.4-5; Rm 5.8-11; 1 Tm 2,6; 1 Jo 1.7; 1 Jo 2.2;
b. Em Cristo, a vitória sobre a morte – Jo 11.25; Rm 6.9; 1 Co 15.20; 1 Co 15.54,55;
c. Em Cristo, a Vida Eterna – Jo 3.36; Jo 6.47; Jo 10.27-30; Rm 10.10; 1 Jo 5.11,12.

Conclusão

Esses conhecimentos, apesar de racionais só serão plenamente assimilados, e plenamente vividos pelo meio da fé (Hb 11.6), sem a qual o homem enxerga apenas fenomenologias naturais, os quais ele não consegue explicar. Mas, pela fé compreendemos racionalmente o poder, a presença, a soberania de Deus e sua Graça possibilitadora dessa fé (Ef 2.8).
(Esboço de sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Guarabira)