sexta-feira, 30 de março de 2012

Mensagem De Deus Para Você


(Mensagem pregada no Culto de rua, na praça do Juá, em Guarabira, à noite)

Vivemos a era da informação e rapidez. Todos os dias e em fração de segundos, milhares de informações, dos mais variados tipos, importância e urgência adentram nossa vida, nossa família e nos arrastam para as interpretações, leituras e práticas que podem moldar a nossa rotina. Muitos de nós já fomos pegos pelo vício da informação, precisamos ver o noticiário, ouvir o rádio, ler o jornal, estar conectado nas redes sociais, etc. E sempre alguém está querendo nos dizer alguma coisa, vender algo, induzir, persuadir, iludir...
O Evangelho é uma notícia, uma informação, uma boa nova, uma mensagem de Deus para os homens, pela qual noticia algumas verdades imutáveis do seu plano redentivo:

Todos pecaram!

Seduziram os homens com pseudo-mensagens de um pseudo-evangelho que transformou a natureza do homem, tornando-o merecedor e sendo um favor que fazemos a Deus o de crer, e converter-se a Ele. Isto é uma grande e terrível mentira! A grande e cristalina mensagem do Evangelho é que o homem é mau em sua natureza, somos todos pecadores:
“Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23)
Caímos em Adão, aceitemos ou não a sua existência, mito ou não, para Cristo Jesus no plano de redenção do homem, ele (Adão) é contado como verdade de Deus na história do homem. Desse ancestral comum herdamos o pecado, o que nos tornou seres separados da presença de Deus:
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem seu rosto de vós” (Isaias 59.2)
A grande verdade é que somos miseráveis que não merecemos nada de bom da parte de Deus. Pecamos e nos acostumamos como o pecado, fazemos dele parte de nossa rotina e o aceitamos como coisa comum e corriqueira em prática de vida:
“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Provérbios 14.12)
Não gostamos desta mensagem de Deus em seu evangelho! Ela não afaga o nosso ego, não nos põe em pilares ou em pódios a espera do grande prêmio. Ela é simples, é antiga, é antiquada, é politicamente incorreta e não parece contemporanizada com nosso século, porém, a terrível notícia para nós, pecadores é:
“Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado” (Gálatas 3.22ª)
“O salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23ª)

Há uma solução.

Se deveras a nossa situação perante Deus é de separados para a condenação e em nossa natureza reside o mal (pecado), que nos faz irreconciliáveis com Ele, por ser Ele Santo, Santo, Santo e nós pecadores, existe uma inacessibilidade que faz com que não possamos nos achegar a Ele; Deus em sua misericórdia nos socorre e, Ele mesmo providência o resgate para o homem. Jesus Cristo, Unigênito Filho de Deus faz a reconciliação entre o Criador e a criatura:
“a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Coríntios 5.18ª)
Sim! Há uma solução para o problema do homem. Há uma cura para o pecado. Há um caminho que é capaz de nos conduzir de volta ao Criador:
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6)
Não confundamos Jesus com religião, muito menos com esquemas ideológicos ou apenas uma filosofia de vida. Jesus não é uma idéia sugestiva, nem um conjunto normas humanas baseadas em usos e costumes, Ele é a vida de Deus para a nossa vida:
“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10b)
O plano redentivo de Deus consiste na misericórdia e o amor do Pai exemplificado no envio de seu Filho para salvar os que crêem:
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16)

Há uma decisão a ser tomada.

Portanto, há uma decisão a ser tomada pelo homem, porque a mensagem do Evangelho informa a condição do ser humano e a oportunidade de Deus para o homem e, conseqüentemente nos leva a tomar uma dupla decisão:
“O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1.15)
O Evangelho não aceita subjetividades, muito menos passividade dos ouvintes, somos chamados a tomar uma dupla decisão: arrependimento e fé. Arrependimento é reconhecimento que está no caminho ou direção errada e voltar-se para a direção, o caminho correto, e fé, pois sem fé não podemos agradar a Deus (Hebreus 11.6).
A notícia de Deus para, para a nossa vida não é apenas uma informação intelectual, não é uma mensagem para constar no seu conhecimento religioso, não e uma curiosidade do momento, mas, é a única possibilidade que temos para alcançar uma nova e verdadeira dimensão existencial, pois Ele propõe o perdão dos pecados e um descansar espiritual:
“ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Isaias 1.18)  
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28)
Que queiramos ou não. Que aceitemos ou não, que acreditemos ou não. A verdade de Deus não necessita do posicionamento meu ou seu, pois o que é, È.
O que significa isto?
Significa que todos, sem exceção, estaremos diante de Deus. Não importa se ateus, filósofos, sábios, ignorantes, simplórios, teólogos, todos teremos que responder sobre o que fizemos com Jesus, chamado rei dos judeus; se cremos para vida, ou rejeitamos para a morte.
Em Cristo, que nos convida a vida.  

quarta-feira, 28 de março de 2012

Felicidade




Felicidade é algo bem difícil de ser definido.

Apela-se sempre para o seu sentido metafísico, ou para sua indelével leveza, que a torna quase imperceptível em nossa limitada maneira de percebermos o que está alem do óbvio. Assim, apesar de elegemos a felicidade como nossa meta de consumo maior, temos a noção que ela não passa de momentos, lampejos ou raras aparições em nosso cotidiano.
E, esses “momentos felizes” são as realizações pessoais e, em grande parte, as conquistas materiais que acontecem ou acontecerão em nossa vida. A felicidade, então, transforma-se ou passa a ser compreendida como uma busca desenfreada pelas coisas ligadas ao TER, bem próprias deste mundo.
Na Carta aos Filipenses, o apóstolo Paulo nos mostra uma extensão ilimitada da felicidade:
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4.4).
A motivação dessa alegria proposta por ele, não consta de conquistas e tesouros meramente terrenos e transitórios:
“Onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões roubam”(Mt 6.19).
 Mas, a centralidade dessa felicidade está no próprio Deus e no saber que em Cristo, somos desde já cidadãos dos Céus:
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” (Ef  2.19).
Essa não é uma compreensão relativista e subjetiva, mas uma realidade cristã, tendo em vista o que o próprio Jesus certificou:
“Pois vou preparar-vos lugar” (Jo 14.2).
Sendo assim, felicidade em pleno significado, não é um momento passageiro e breve, mais uma condição de eternidade absorvida pelo verdadeiro adorador que se torna um com o Senhor e com a sua Igreja, corpo. Contrariando a nossa vã filosofia de vida pós-moderna, pois antes de qualquer coisa, é preciso SER, e, assim TER.
Conhecer a Deus e servi-lo, eis a descoberta da felicidade. (Ec 12.13).

Em Cristo, a verdadeira felicidade.  
            

terça-feira, 27 de março de 2012

O Deus Que Se Revela, Também, Nos Fracassos



- Dê um brado de vitória, irmão!

E em coro todos respondem:
- Oh! Glóooooooooooooooria!
           
Quando um exército vencia uma batalha nos campos de guerra da era clássica, a soldadesca costumava reunir-se em volta do comandante e a plenos pulmões bradar (gritar) uma palavra de ordem que simbolizaria a sua vitória.
Esta cena pode ser vista em quase todo ramo da fé cristã hoje em dia. O que me entristece não é a fenomenologia do grito como manifestação de poder, ou evidência de uma fé operosa. Isso faz parte da alma mística do nosso sangue latino. O que me entristece é a mania de “vitória visível e imediata” que inundou nossa teologia moderna e seus conceitos nada ortodoxos e muito menos bíblicos.
Não queremos aceitar que um cristão genuíno venha experimentar ondas de fracassos e pífios resultados, isto é, quando se olha através do prisma natural-humano. Temos nos concentrados nas conquistas e usado o sucesso, como medida da fé. Esse perigoso conceito religioso-cristão-contemporâneo pode provocar afundamentos angustiantes e crises depressivas para a grande multidão que lotam as Igrejas na expectativa que uma loteria divina irá lhes contemplar o grande prêmio. O que na maioria das vezes não acontece, provocando uma profunda sensação de que Deus não atenta para o desespero das pessoas.
Estamos obcecados pelas conquistas, inebriados com as perspectivas mirabolantes das “vitórias” e que vem acompanhada de “testemunhos” impressionante. Estamos hipnotizados com a idéia fixa de uma confissão positiva que vai, em fim, nos catapultar para a glória e o reconhecimento ainda neste mundo, e que não ultrapassa este mundo. Estamos tão ocupados com os nossos especulativos triunfos que não nos apercebemos de um detalhe perturbador da narrativa bíblica: o fracasso!
O fracasso está presente em todas as etapas do texto bíblico contrariando e desnorteando a nossa lógica do triunfo e do sucesso.
E graças a Deus pelos fracassos!
Sim.
Graças a Deus por ele, porque é nele, no fracasso, que as lições foram realmente proveitosas e marcantes. O nosso Criador usou aquilo que para o mundo é uma vergonha, como matéria prima para fazer concretar as vitórias reais e que permanecem eternamente.
Psiu!
É! Você que está lendo este artigo.
Levante a cabeça e olhe o horizonte da tua existência não com o olhar do derrotismo humano, mas sob a ótica de Deus, através da sua Palavra compreenderás que tuas quedas e derrotas não foram para te destruir, mas, para te ensinar o que de fato significa vencer.
Foi no meio de um turbilhão de desgraças, dor e perdas irreparáveis que Jó teve a exata compreensão de quem era Deus: “agora, os meus olhos te vêem” (Jó 42.5).
Abraão teve de largar sua parentela, seu porto seguro financeiro-moral e se lançar numa peregrinação sem fim, onde a tenda estava sempre pronta a ser desfeita e a honra vencida pelo medo. Seu coração em sobressalto pelos severos testes de fidelidade ao Senhor, porém, firmado na esperança das promessas reais e verdadeiras seriam cumpridas, porque sabia quem lhe havia prometido. E foi exatamente por isso cognominado “pai dos que crêem” (Gálatas 3.9).
Foi no desmascarar do seu fracasso moral e ético que o rei Davi pode verdadeiramente ter uma experiência de conversão, e expressá-la numa composição profundamente poética de quebrantamento e busca ao Senhor:
“Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos... Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim, um espírito inquebrantável” (Salmos 51.4,10).
E não só estes listados acima, mas tantos outros que tiveram que sair de suas confortáveis posições, ora financeira, social ou mesmo teológica-filosófica para irem ao deserto vivenciar o fracasso de Deus que os tornariam, de fato, vencedores. (Hebreus 11.30-38)
Por fim, a cruz do calvário.
Quem em sã consciência veria o sacrifício da cruz como uma retumbante vitória? Os judeus a chamaram de escândalo, os gregos de loucura, mas para os cristãos: poder de Deus para salvar todo aquele que crê. (I Coríntios 1.23; Romanos 1.16)
Na concepção imediatista do homem, um espantoso fracasso, mas no plano redentivo de Deus um inquestionável triunfo.
Portanto, vivamos como cristãos conscientes de que Deus nos dará vitórias mesmo que elas venham disfarçadas em frustrantes fracassos.
N’Ele, que na cruz venceu e revela-se até mesmo em nossos fracassos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Problema Que Só Deus Podia Resolver


 



(É necessário ler Marcos 2.1-11)


Quando os quatro amigos decidiram levar o paralítico, numa maca, até a casa onde Jesus estava na esperança de fé que Ele resolvesse aquele problema não imaginavam o quanto receberiam de Deus e o quanto seria revelado sobre o que é, de fato, o grande problema da humanidade, e quem, de fato, pode solucioná-no.
Do ponto de vista humano o problema era uma enfermidade física, uma contingência de movimentos e causa de dependências. Chegar até o Cristo era outra dificuldade, pois a multidão dos caça-cristos é sempre enorme ao ponto de dificultar e inibir a busca pelo Deus que concede graça de graça.  A religiosidade geográfica impedia a percepção da onipresença de Deus, que torna qualquer terra santa, qualquer água benta, qualquer pão sagrado.


Na mente, no coração, na alma deles era preciso chegar lá, não podiam, ainda, raciocinar que Jesus já estava com eles.
Num gesto de fraternidade sem igual, aqueles amigos rompem a barreira dos obstáculos subindo no teto da casa, destelhando-a e fazendo descer a maca com o paralítico bem no local onde o Mestre estava ensinando.


Surpresa e silêncio.


O eclético público de Cristo tinham os olhos fitos n’Ele. E, Ele revela algo bem mais profundo que nossas dores de existir:


- Filho, os teus pecados estão perdoados.


Ali também estavam presentes fariseus e doutores da Lei, especialistas no exame escriturístico das Sagradas Escrituras, que sentiram até um frio na espinha com a frase de Jesus.


- Ora, isto é blasfêmia! Só Deus pode perdoar pecados.


E eles estavam com a razão. De fato, esse é o verdadeiro problema do homem, o pecado. Todos os outros problemas são exteriores, mesmo aqueles psicológicos interiores são de certa forma, perceptíveis, mas o pecado como causa motora da separação entre a criação e o Criador, passa imperceptível pela maioria dos homens. É necessário que o Deus Criador tome a iniciativa, pois esse é um problema que nenhuma Igreja resolve, nenhuma política resolve, nenhuma barganha resolve, nenhum jeitinho brasileiro resolve; só Deus pode resolver.


O texto presente nos três Evangelhos sinóticos transparece onipotência e onipresença de Cristo Jesus. Ele sabe o pensamento dos fariseus e doutores da lei, então, os desafia:


- O que é mais fácil dizer a um paralítico? Os teus pecados estão perdoados ou levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa? Para que saibais que o Filho do Homem, tem na terra poder para perdoar pecados – disse ao paralítico – levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.


E o paralítico levantou, pegou o leito e foi para casa, e todos se admiraram.


O que nos passa despercebido é que essa parte é que foi a mais fácil. O verdadeiro milagre transcendente era o perdão dos pecados, a salvação, frutos da Graça de Deus em Cristo Jesus, solucionando, assim, o problema do homem. Somente Deus podia fazer isso, e Ele fez, porque Jesus e Deus são um só. Para provar isso, ele fez o paralítico andar, mas, a paralisia espiritual já havia sido curada.


Quando vamos de encontro a Cristo três conseqüências acontece em nossa existência.


A primeira é descobrir quem Ele é: Deus Vivo e Verdadeiro, Onipresente, Onisciente e onipotente.


A outra conseqüência e descobrir o que Ele faz: perdoa, resgata e salva.


Por fim, a terceira conseqüência é a nossa reação: crer para vida, ou tornar-se um pavoroso incrédulo, como aconteceu em Cafarnaum, mesmo sendo testemunha de grandes e inúmeros milagres, preferiu descrer, recebendo a condenação do Mestre: Haverá menos rigor para Gomorra do que para ti.


Em Cristo, em quem somos feitos filhos de Deus.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Igreja, Comunidade Terapêutica Para a Cura Interior


 

A doutrina do Novo Testamento enfoca sobremaneira a Igreja e a sua importância na economia de Deus. Ela é uma agência imprescindível para o desenvolvimento da fé cristã.

Para poder entender o seu intrínseco valor é necessário observar o duplo testemunho sobre ela. 
O primeiro testemunho é advindo da própria Bíblia, mais especificamente o que o Novo Testamento afirma sobre ela.  Nele encontramos um rico acervo de figuras de linguagens usadas para demonstrar o que é a comunidade dos cristãos. Ela é chamada de Edifício de Deus, Lavoura de Deus (1 Co 3.9 ); Coluna e baluarte da verdade (1 Tm 3.15 ); Corpo de Cristo (1 Co 12.27), etc.
O segundo testemunho é oriundo das nossas mais profundas experiências curativas e espirituais no seio dessa comunidade. Quantas pessoas destruídas pelos descaminhos da vida não foram tratadas e curadas nesse hospital espiritual onde o Espírito Santo prescreve o receituário da vida abundante: Fé em Cristo Jesus.
Mas como se dá a cura para nossos males interiores nessa verdadeira comunidade terapêutica chamada Igreja?
Antes de qualquer coisa precisamos compreender que o vocábulo “igreja” vem de uma raiz hebraica que tem como conotação a redundante idéia de “sair fora”, “cortado”, “separado”; enquanto seu termo grego “Eclésia”, trás a idéia de ajuntamento, reunião ou assembléia. Ou seja, estar na Igreja é ter saído do sistema de valores invertidos que se chama “mundo”, cortado e separado dele, para formarmos uma comunidade alicerçada n’Ele. É claro que “Igreja” é um termo abrangente e sempre nos conduzirá a calorosas discussões por causa do barateamento dos seus significados em nossa era.
Ela é o Corpo de Cristo e constitui-se dos salvos em Cristo em todas as épocas (a Igreja Invisível), mas, também é composta pelos que, pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo e o chamado do Espírito Santo, reúnem-se em laços de amor para compartilhar a vida nova (Igreja Visível). Nesta reunião visível há imperfeições, ajustes constantes, percalços e dificuldades. No entanto, apesar de todos os “mas”, ela permanece com funções terapêuticas para o tratamento de quem se achega a esta comunidade.
Logo, fora da pressão e opressão secular podemos experimentar a cura interior que se dá em três aspectos básicos:
O primeiro aspecto terapêutico da Igreja se encontra no fator da adoração (João 4.23,24). Essa comunidade é chamada para uma adoração “em espírito” e “em verdade”. Deus é espírito, isso significa dizer que não se pode ter nenhuma representação física d’Ele, e que não existe nenhuma limitação geográfica para Ele. Nenhuma religião é dona de Deus e a sua “Igreja” materializa-se quando dois ou três estiverem reunidos em seu Nome.  O conceito de “verdade” significa que essa adoração é real e exigida, não é uma fantasia ou mitologia; visível e palpável, por que não é algo subjetivo, a nova vida e perceptível em suas transformações e ações Mateus 5.16; não é uma ortodoxia morta, ou uma religiosidade meramente dogmática, escravizante e alienante. Verdade, porque não existe apenas no ambiente das quatro paredes do edifício-templo que comumente chamamos de igreja, mas acontece no nosso dia a dia, nos relacionamentos e na nossa forma de ser e viver o Cristo em nós como esperança da glória.
Quando adoramos em espírito e em verdade nos esvaziamos das nossas auto-suficiências e auto-afirmações e passamos a viver na dependência daqu’Ele que enche tudo em todos. E, então começa a cura interior.
O segundo aspecto terapêutico da Igreja se encontra no princípio inegociável e intransferível do perdão (Mateus 6.14,15). Essa comunidade é formada por pessoas renovadas em Cristo e que sorvem a medicação do Espírito em grandes doses de perdão. O perdão é tão essencial na vida do cristão que na oração do Pai Nosso é nele que Jesus concentra o seu “bis”. A falta desse instrumento em nossa vida cristã anula qualquer conquista espiritual que possamos ter. Porque o que o Senhor perdoa em nós é infinitamente maior do que aquilo que devemos perdoar nas pessoas. Porque o que devíamos para Deus é superlativamente maior do que aquilo que os outros nos devem. Além disso, o perdão nos liberta das raízes de amarguras e dos verdugos que o ódio e o ressentimento semeiam em nosso coração. Quando perdoamos ficamos cada vez mais parecidos com Cristo.
O terceiro aspecto terapêutico da Igreja está na capacidade de servir uns aos outros (Mateus 23.11; João 13.35). Essa comunidade difere de todas as outras existentes no mundo por que a sua verdadeira hierarquia não se conquista pela força ou malícia, mas, aquele que quer ser o maior deve ser o menor. O maior nesse reino é aquele que se dispõe a servir com amor o seu próximo. É através do serviço que ela torna visível o Deus invisível e impacta a sociedade com a sua determinação em fazer diferença na vida das pessoas, assim como o Mestre marcou aquela geração. Esse serviço é feito sem nenhum interresse, de modo que a mão esquerda não saiba o que a destra fez. Servir é a grande máxima do cristianismo que possibilita a sermos semelhantes ao Senhor que era o Reis dos reis, mas, não veio para ser servido e sim para servir, além de nortear desembaraçadamente a nossa vida.
Quem adentra nessa comunidade necessitando da cura interior, eu lhe digo: De fato irá encontrar se estiver disposto a adorar somente e unicamente ao Deus Tri-uno, a perdoar setenta vezes sete, não como um quantitativo matemático, mas, um qualitativo de vida, e, estar pronto para negar-se a si mesmo tomar a sua cruz do dia a dia e seguir o Mestre servindo ao próximo como a ti mesmo.

Em Cristo, O Cabeça da Igreja.      

quinta-feira, 22 de março de 2012

Teologizando Entre Fraldas, Mingaus e Fisioterapia


 

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles 
que amam  a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
(Romanos 8.28)

            Tento fazer teologia na dificuldade de minha rotina.
            Não é muito fácil, tendo em vista que o teologizar cristão é a profunda unidade entre o crer e o pensar, sem distinções dimensionais como o platonismo e o neo-platonismo tanto alardeavam em suas exposições. Além do mais, este “crer e pensar” ou “pensar e crer” precisa ser despejado como prática de vida e na vida, e não apenas ser uma disposição filosófica inerte, com seus eternos pressupostos e suas indagações constantes.
            Há de sempre requerer tempo, disposição, dedicação e disciplina no eterno aprender da Palavra de Deus para um viver abundante.
            Às vezes o Caminho do Senhor em nosso caminhar de existência nos revela necessidades de reconstruções, revalorizações, redescobertas e descobertas de não haviam encontrado a guarita em nosso ser cristão.
            Então, em meio as minhas mais atordoantes crises de fé, em meus questionamentos espirituais. Enquanto buscava respostas para minhas buscas infantis veio o atropelamento.
            Schhhhhhhhhhhh..trás!
            Tudo tão rápido!
            Um instante!
            Alguns segundos.
            E lá estava minha esposa aos gritos. Tive apenas escoriações, mas ela...
            Hospital. Diagnóstico negativo. Cirurgia. Longa recuperação.
            Em casa, tive que me afastar do trabalho para cuidar dela, dos meus dois filhos – um com quase dois anos – e do lar.
            Precisava manter minha disciplina de leitura, meditação e exercitar o escrever, o pensar para não perder a prática. O problema foi que agora, já não havia tempo para meus questionamentos, o menino chorava: hora do mingau! A filha precisava de atenção e cuidado, além de não puder desgrudar nem um pouco de minha esposa, devido o trauma pós-acidente e pós-operatório lhe causava insônia e desânimo, e também havia o problema da difícil recuperação da capacidade de andar.
            E assim, fui transformando toda e qualquer horinha em momento para exercitar a leitura e a meditação. Oração era todo tempo, mas, muitas vezes trancado no banheiro,  derramar-me ante o Senhor, tendo o cuidado para não deixar que vissem minhas lágrimas e isso de alguma forma ser negativo em tão delicado momento.
E então, entre fraldas, mingaus, conselhos – para a filha mais velha - e longas seções de fisioterapia pude perceber o quanto de tempo perdi no redemoinho das mais tolas questões.
            Perdi tempo questionando Deus, quando deveria amá-lo de todo o meu coração, força e mente.
            Perdi tempo questionando o evangelho, quando deveria estar fazendo discípulos.
            Perdi tempo discutindo o sexo dos anjos, quando deveria estar proclamando a Boa Nova.
            Perdi tempo me rotulando e alindo-me em guerras do passado, quando deveria amar o próximo e suportar os débeis na fé.
            Perdi tempo construindo um “evangelho” que eu entendesse, enquanto deveria absorver a Graça e o Amor infinito de Deus.
            O Salmista afirmou que lhe foi bom passar por aflição, porque lhe trouxe ensinamentos (Salmos 119.71).
Agora vejo como Jó, e me humilho no pó que sou, sabendo que o Senhor em seu Ser não pode ser adequado em nossos pensamentozinhos, Paulo já nos diz em Romanos 11.33-36, e em outro lugar a Palavra afirma: “Eu é que sei que pensamentos tenho a teu respeito” (Jeremias 29.11).
            Aprendi com a escola de Deus: a vida e as tribulações, que forjaram minha confiança n’Ele. Aprendi que a graça e a misericórdia do Senhor, não são apenas belas palavras bíblicas, mas uma realidade que ajudam no amadurecer da fé, amor e esperança.
            Em tempo:
            Faço um excelente mingau, quebrei qualquer barreira de relacionamento com a minha filha, nos aproximamos e nos auxiliamos, cerquei de carinho e cuidados a minha amada, descobrindo um no outro uma força inimaginável.
            Deus atuou em seu corpo, sua recuperação foi considerada um milagre pelos médicos que a assistiram. E Deus sarou seu coração, chorei quando em oração, junto com Cláudio, meu pastor, ela perdoou o motorista.
            Faço teologia profundamente arraigada na fé inegociável no Deus que nos conduz em triunfo.
            Lembrei até da grande escritora Clarice Lispecto, que em certo texto, afirmava que construía sua literatura em meio as rotinas diárias de uma dona de casa.

            Em Cristo, que nos faz compreender depois.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ainda Não Terminei de Gritar

 




Cansei das guerras!


Também já não ando raivosamente aprontando defesas polêmicas em tornos de assuntos controvertidos e paradoxais.


Estou exaustos dos destilamentos odiosos nos redis religiosos, onde cada linha doutrinária virou trincheira de combate e campo minado.


Exaure minha paciência as discussões ateístas e téistas, quando tudo se volta ao mesmo lugar e não andamos coisica de nada na propositura de um homem melhor.


Não me amolem com os sábados idolátricos, com os usos e costumes sacrários, as envangelizações sectaristas, as aberrações carismáticas, o despudor ético, e muito menos as tolhidas visões de cosmos que só enxergam o próprio umbigo.


Basta!


Não quero tecer grandes explicações para os profundos mistérios que Deus não me delegou revelar. Nem disponho de tais revelações!


Não quero titularias nem arrogâncias eclesiásticas. Abomino os impérios e os imperialistas. As injustiças sustentadas nas pseudo-justiças, e os fundamentalismos amparados em violência e intolerância.


Tô fora!


Do palitolatrizar o pregador ídolo, do cantarolar modinhas tacanhas e chamá-las de louvor e adoração. Dos chavões intercessórios nos cultos. Das performáticas demonstrações ritualistas. Da divinização do exterior manifestada pela necessidade do ter.


Preciso de um pouco mais de arte; “um cristianismo criativo”, com espaços pra poesia...versos soltos como cabelos ao vento...


Preciso de muito mais coragem social, pra fazer jorrar minha verborréia contra as corrupções de um Estado que descamba em desacertos na aplicação do bem comum aos comuns sem bens.


Preciso descobrir as pessoas nas pessoas, olhar no olhar, chorar e sorrir consoante a dor ou alegria verdadeiras e sem hipocrisias. Amar hoje, como se não precisasse do amanhã.


Não quero mostrar os punhos, mas estender as mãos.


Não quero fechar o cenho, mas abrir o sorriso.


Não quero virar as costas, mas oferecer o abraço.


Não quero o cotidiano da contenda, mas o dia da paz.


Não estar entre muros, mas com as porteiras abertas.


Quero ouvir Logos, Stênio Marcius, João Alexandre, Tiago Grulha, Leonardo Gonçalves etc. Louvando a Deus com o dom e talento que nos arrebata em adoração cantada. Mas, também, ouvir o Chico, o Caê, Venturini, Osvaldo Montenegro sem me constranger em pecado, pois reconheço que a capacidade artística foi dada por Deus a cada um.


Quero orar sem me preocupar com construções fonéticas, mas com o coração quebrantado. E ler a Palavra para vida e não somente para defesas teológicas.


Quero fazer discípulos não pra que imitem meus trejeitos, palavreados ou preferências, mas, baseados no chamado: “Vêm e Vê”.


Não é só revolta contra sistemas, mas, Boa Nova de Deus, conciliando-me em Cristo.


Quero seguir, cantando a belíssima canção: “Livre sou”.  


Em Cristo, que vive em mim e em que crê.   

terça-feira, 20 de março de 2012

O Azorrague de Jesus Desmantelando o Comércio da Fé


 
Um dos eventos mais interessante no ministério terreno de Jesus e que se encontra em harmonia com a narrativa dos quatro evangelhos, é sem dúvida o episódio de sua visitação ao templo e conseqüentemente sua explosiva reação ao constatar o que era realizado ali: um formidável, explorador e lucrativo comércio da fé (João 2.13-17). Jesus - descreve a narrativa bíblica, tendo feito um azorrague (chicote feito de cordas torcidas), derrubou as mesas dos cambistas, dos que vendiam pombas, bois e outros acessórios expulsando-os do lugar, coroando esta surpreendente atitude com a expressão repetida do Salmo 69.9 “O zelo pela tua casa me consome”, e tendo como justificativa para tal, o descaminho que as autoridades eclesiásticas haviam dado para o propósito de existir do templo: “A minha casa será chamada casa de oração”(Mateu 21.13) Não façais da casa de meu pai casa de negócio”(João 2.16).

            Ora, esse comércio era necessário por causa da dinâmica ritualista judaica quanto ao sacrifício de animais em favor dos pecados do povo. E, como na páscoa - festa pétrea e obrigatória no seu calendário religioso - subiam para Jerusalém judeus oriundos de todas as partes do Império Romano, e considerando as distâncias, tornava-se quase impossível o transporte de animais em plenas condições para o sacrifício. Então, percebendo isso, os comerciantes da cidade instalando-se nos arredores do templo, ofereceriam esses animais nas condições ideais que o ato religioso requeria, poupando os peregrinos desse dispendioso transporte.
            Até ai tudo bem!
O problema começou com a ganância inerente da raça humana e os olhos ávidos dos sacerdotes que passaram a lucrar com esse comércio, tornando-se sócios dos comerciantes e permitindo que adentrassem nos espaço geográfico do templo e, ainda, cobrando um ágio de fazer arrepiar qualquer especulador da Bolsa de Valores de Nova York.
            O sacrifício pacífico pelo pecado, que na Lei era um meio de graça, foi transformado no comércio da desgraça religiosa. Imagine o desespero dos pais de família tendo que cumprir a norma da fé, e ver as economias de todo um ano de trabalho suado esvair-se naquele ritual. E se algum peregrino trouxesse um animal, por mais correto que estivesse seria rejeitado pelo sacerdote. Tinha que comprar daqueles comerciantes. Ou seja, uma máfia eclesiástica já havia sido estalada em torno da religião, aproveitando da boa fé dos peregrinos.
            O azorrague de Jesus denunciou e desmantelou esse comércio!
            Ah! O azorrague de Jesus abre sulcos na hipocrisia e avidez dos que somam graça e fé com exploração alienante.
            Aqueles vendilhões foram expulsos, no entanto, em nosso tempo, um novo tipo de vendilhão surgiu, e se mostra com força e vontade de abocanhar as finanças dos já carente e simplório cidadão.
            Tenho observado com muita indignação e tristeza o que muitos líderes chamados “homens de Deus” tem feito com a mensagem da graça do Evangelho de Cristo. É cada vez maior a participação desses cidadãos na televisão brasileira, fazendo uma mutilação do texto da Bíblia e contribuindo para o desnível de nossas programações televisivas e, em tabela, promovendo uma verdadeira alienação do povo.
            Alguns chegam ao disparate de afirmar que aquela sua palestra, pregação ou show, vendido a preços módicos (????) irão definitivamente abençoar e trazer uma unção a quem comprar. E que através disso (deles) será inaugurado no Brasil um verdadeiro avivamento, um novo Pentecoste. Outros vendem objetos como toalhas abençoadas, cruzes com terra de Israel e água do rio Jordão, colunas da vitória, correntes, espadas, flores...ufa!
Vejam só! Foi revivido o tenebroso culto as relíquias e, não demora, veremos esses “homens de Deus” cobrar até por uma oração.
            O cristianismo se tornou um excelente negócio onde verdadeiros impérios foram montados, e as “igrejas” têm-se multiplicado pelo país com a mensagem de uma cura fácil, de uma prosperidade meramente material, de um deus (minúsculo mesmo), circunstancialmente financeiro, pelo qual, os meios justificam os fins e, a mensagem do apertado, longo e espinhoso caminho da cruz, têm se tornado um colorido e largo atalho de flores.
            Percebo que a vida e obra de ilustres personagens da história da igreja cristã não servem de alento e inspiração para boa parte dos cristãos de hoje, alienados com as perspectiva das bênçãos infindas e fáceis, onde é o nosso bolso que indica o grau de nossa fé e compromisso. Um são Francisco de Assis, nem sequer seria ouvido hoje. Um são João Batista, então, talvez sujasse as igrejas e escandalizasse os irmãos com os seus modos e comidas exóticas. Um Paulo de Tarso seria, talvez, rejeitado pelos concílios. E Jesus? Ah! Jesus, quem sabe, fosse crucificado novamente, pois, a sua mensagem de negação pessoal, aquela história de tomar cada um a sua cruz para segui-lo, não encontraria eco em nosso tempo onde reina uma teologia da sombra e água fresca. Onde muitos querem renunciar a sua cruz largando-a nos ombros machucados de Cristo.
            O abominável comércio da fé quer se apropriar do mais sagrado na mensagem de Cristo Jesus, a graça de Deus.
            Se e graça é graça!
Favor imerecido!
Bem que se tem sem merecer!
Se eu precisar pagar, nem que seja uma promessa de areia da praia na beira do mar, a graça deixa de ser graça e passa a ser mérito, e o Deus do amor e da graça transforma-se em um deus da barganha e do sádico lucro sacrificial feito pelo homem tentando alcançar a salvação, que Ele, o Senhor, oferece graciosamente em Cristo Jesus.
            Ah! O azorrague de Jesus abriria sulcos nessa auto-gerência da graça, nessa auto-afirmação dogmática, nessa auto-suficiência intelectual da fé, nessa mania de criar um deus a nossa medida de acordo com os nossos vis propósitos, nessa mania de mérito, nessa mania de ser como clientes, com direitos adquiridos para serem exercidos nessa religiosidade paradigmática, nessa mania de querer ser nós o nosso próprio deus. Esse azorrague quebraria a crosta hipócrita dessas concepções messiânicas e nos conduziria a um exercício de humildade, rendição, submissão e gratidão a Deus, que em Cristo nos salva e no Espírito Santo confirma que É.
            Então, as nações reconheceriam que a Igreja de Cristo, não pertence aos fulanos do mundo, não se comercializa, não negocia os seus valores, mas é um Templo – cada componente desta Igreja, e quando reunidos – de adoração, serviço e fé que abençoa todas as famílias da terra.

            Em Cristo, que nos chamou: Igreja!